segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Paisagens

Ontem assisti a um documentário espectacular na SIC. À habitual "hora dos bichos" (antes do almoço), este canal transmitiu um documentário da BBC inteiramente gravado no Montado alentejano. Chama-se "Cork - Forest in a Bottle" (título em português: "Criaturas do Sobral") e é o resultado de 2 anos de trabalho da equipa de Sir David Attenborough (produtor de séries ambientais). Claro que sou suspeita, mas de facto acho que qualquer pessoa com o mínimo de interesse pela Natureza iria gostar muito.
Este documentário incide sobre o sobreiro, uma árvore única em muitos aspectos, sobre as aves e flores silvestres que vivem neste ecossistema e também retrata o Montado alentejano como um dos últimos locais na Europa onde uma economia local sustentável (a indústria da cortiça) co-habita harmoniosamente com a Natureza. E faz isto tudo com grande qualidade.
No fim, ouvi os habituais "Ah, o nosso país tem coisas muito lindas!". E sabem, é mesmo verdade. Portugal tem de facto muita coisa muito bonita, que tendemos a desprezar, à boa maneira portuguesa... Temos paisagens de cortar a respiração! Esta terra é abrigo de inúmeras espécies de fauna e flora extremamente raras, muitas das quais só existem aqui ou no máximo na Península Ibérica, ou que vêm de muito longe para nidificar justamente naquele tipo de floresta. Foi bom relembrar tudo isto... Era bom que não nos esquecessemos...

Também era bom termos oportunidade de ajudar na conservação destes locais de maneira mais activa. Mas é do conhecimento geral que em Portugal não há muitas oportunidades de trabalhar nesta área... Mesmo as pessoas que estão a trabalhar em Biologia reconhecem as dificuldades em seguir em frente devido à falta de verbas. Fazer voluntariado é muito bom e bonito, mas a certa altura todos temos de arranjar maneira de ter o que comer... Já para não falar que há sempre "sete cães a um osso" quando há uma vaga num sítio qualquer. Fico a pensar como é injusto e revoltante ser (em certa medida) forçada pelas ciscunstâncias a abandonar o meu país para poder trabalhar no que gosto, quando há aqui tanto que poderia ser feito. No entanto, quem manda neste país não parece muito preocupado com estes temas e portanto não há propriamente abundância de oportunidades na área... Portanto, as perspectivas não são muito animadoras... Gostava de ajudar a crescer a terra onde nasci. Em vez disso, terei se calhar de ajudar a crescer a terra onde fôr parar, que poderá vir a ser deslumbrante, mas nunca será aquela onde cresci. Mas pronto, todo o cuidado que vier a prestar à Mãe Natureza estará a ajudar na conservação desta em todo o planeta, o que é o mais importante no meio disto tudo. Acreditem ou não, nós dependemos inteiramente dela!... Era bom que a respeitássemos mais.

E pronto, este foi o brainstorming que ocupou a minha cabeça e que me deixou com um sabor agridoce na boca, derivado da beleza das paisagens alentejanas e da escuridão que às vezes antevejo no futuro...
Que a esperança nunca se acabe!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Utilidade do humor

Ontem à noite pus-me a reflectir
Nas coisas da vida em vez de dormir
Tive um quebranto, fiquei surdo e mudo
Tolhido de espanto mas percebi tudo
O mundo era meu, sentia-me um rei
O tempo era extenso e eu ditava a lei
Bastou dar um passo e crescer em frente
Perdi toda a graça quase de repente

Não fosse um sentido de humor apurado
Que me faz viver um sonho acordado
Não via tão claro o sentido da vida
E tudo seria bem mais complicado

Eu era feliz, tinha os meus brinquedos
O anjo da guarda tirava-me os medos
Descobri o amor e vi nele o paraíso
Mas para ser expulso às vezes pouco é preciso
Podia ter tudo do bom e do caro
Que nada acudia ao meu desamparo
Sou a alma do mundo mais bem informada
Quanto mais me informo mais sei que sei nada

Não fosse um sentido de humor apurado
Que me faz viver a sonhar acordado
Não via tão claro o significado
E tudo seria bem mais complicado


"Utilidade do humor" - Clã
Letra de Carlos Tê